sexta-feira, 29 de junho de 2007

São Paulo se defende como pode

A coluna "Por dentro do Globo" de 29/06 (só para cadastrados) comenta sobre um assunto que mesmo fora das redações tem lugar garantido nas rodas de conversa dos cariocas: a maneira com que a imprensa de São Paulo trata as notícias sobre violência no Rio, a saber, com muito mais destaque do que os crimes que acontecem em São Paulo. Algumas razões para este posicionamento da imprensa paulista são citadas na coluna, inclusive a da própria geografia da cidade, naturalmente mais espalhada, que torna os atos violentos do cotidiano menos visíveis às classes média e alta da cidade, os formadores de opinião. OK. Que seja assim, então. A imprensa de lá dá menos importância na sua cobertura diária ao cotidiano da rua na capital. Mas isto não é resposta para a pergunta que não quer calar: por quê a imprensa de São Paulo, que prefere não cobrir seu "cotidiano da rua", violência inclusive, cobre com tanto interesse o cotidiano da rua do Rio de Janeiro? Por quê nós somos manchete? Acho que a resposta não está nos manuais de redação ou em explicações sobre a cultura da imprensa paulista. Na minha opinião, a briga é de cachorro grande.

O estado de São Paulo é um mercado de 40 milhões de habitantes e abriga o maior parque industrial e a maior produção econômica nacional- mais de 31% do PIB. Dos 260 shoppings em atividades no Brasil, 80 estão em São Paulo e são responsáveis por 200 mil empregos, números difíceis de serem mantidos sem investimentos externos. Ao revelar uma faceta perigosa da cidade do Rio de Janeiro com tanta persistência a mídia constrói uma imagem da situação no nosso estado que leva aos investidores, nacionais e internacionais, a colocarem seu rico dinheirinho por outras bandas. Não que a nossa vida não esteja cheia de perigos e ameaças, mas o cenário da violência não é pior aqui do que lá.

Pegando um exemplo da minha área de atuação, tenho alunos que se formam sem arrumar estágios principalmente porque as grandes e boas agências de publicidade estão com seus escritórios principais em São Paulo e têm, aqui no Rio, escritórios de representação com equipes reduzidas. E assim os bons clientes. Se não são as telefônicas e as empresas de energia, o Rio de Janeiro e quem quer viver e trabalhar nele, estaria totalmente fora do mercado, sobrando no máximo os segmento de turismo e varejo que são especialmente fortes no estado. E tudo isto sem o Cristo ter sido eleito como uma das novas sete maravilhas do mundo. São Paulo se defende como pode.

Nenhum comentário: